Essa já é a terceira vez que inicio esta carta, mas ainda não sei como começar. Eu queria fazer jus ao passado, não fantasiá-lo e nem lhe tirar o mérito, apenas vê-lo como realmente era; com isso, me refiro a ti, meu passado.
Você foi o primeiro e, até agora, o único que verdadeiramente amei. Um amor tão grande, tão sincero, que jurava que seria eterno, todavia não foi. E fico contente por isso.
No entanto, eu te devo muito, senão tudo o que sou hoje. Através da dor eu me acheguei a escrita, percebi os meus defeitos e resolvi combatê-los. Peço-te mil desculpas por todas as vezes em que te xinguei... bem, talvez você tenha merecido.
Há — ou melhor, havia — apenas uma coisa que não entendia de modo algum: o fato de que você tenha superado algo que demorei anos para conseguir. Tirava-me o sono saber que não foi amor, ao menos de ambos os lados. Acredito nisso, porém nunca aceitei.
Assim se iniciou minha jornada sem rumo e sem sentido. Eu procurava nos outros algo que pudesse me lembrar a ti, sejam os cabelos dourados ou o feitio metido. Esse ano, até encontrei alguém com as duas exigências, foi então que percebi que nunca poderia amá-lo porque, por mais que odeie admitir, você me marcou, foi único; estes sentimentos foram especiais ao ponto de ter a certeza de que nunca encontrarei outros idênticos.
Porém, nunca aceitei ter te perdido. Esse foi o propósito oculto dessa minha busca desenfreada: quis provar que era boa o bastante. Quis mostrar que sou especial. Agora eu finalmente sei.
Quando te vi dentro daquele carro, dirigindo-me um olhar curioso, observando-me com tanto afinco, pude fechar a ferida há tanto esquecida. Percebi que fui tão importante quanto deveria ser, embora o seu orgulho não tenha permitido admitir isso. E eu me sinto muito grata por toda a história que vivemos, ela teve o melhor final possível porque me deu a chance de tentar novamente. Dessa vez para acertar.
Escrito por: Samyle S.
Retirado do blog: Florescer e Palavrear
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